Partiste leve, como brisa
que sente o peso do dever.
Nos olhos, a chama indecisa
de quem precisa escolher.
Os dias que sonhei contigo
ficaram na curva da estrada,
mas levo comigo o abrigo
da tua ausência calada.
Há dores que não se gritam,
apenas moram no peito —
como a saudade que habita
onde o amor era perfeito.
Não te culpo pelo rumo,
nem por teres ido assim…
Só lamento, em algum sumo,
o que não teve fim.
Talvez um dia, no espelho,
tu vejas, num breve olhar,
o homem que, por conselho,
soube apenas te amar.
Hoje sigo, sem alarde,
com esperança e ternura —
torcendo, de longe, à parte,
pela tua doçura.