Nada se impõe à força,
mas tudo se impõe por ser.
A luz não ordena, mas ocupa.
A rocha não cede, mas sustenta.
O tempo transforma sem pressa.
A raiz não pede, mas rompe.
O vento apenas passa, e atravessa.
A água vence sem força — apenas flui.
A presença preenche sem anúncio.
O olhar decide sem comando.
O silêncio, como névoa, dissolve certezas.
O detalhe, imperceptível, muda destinos.
Nada que se mantém precisa provar-se.
O que sustenta raramente se exalta.
A firmeza não faz ruído, mas pesa.
A ausência molda tanto quanto a presença.
Quem vê, entende.
Quem sente, reconhece.
O que existe sem exigir
permanece quando tudo o mais já passou.
L. R. Ramos – 2025