Freddie Seixas

Lua testemunha

A noite caiu como um véu gelado,
mas ali, suspensa no céu,
a lua acendeu seu farol de prata,
espiando os passos do bairro.
Ela vê tudo.
Vê os casais que se tocam na calçada vazia, as mãos trêmulas de desejo e abrigo.
Vê os amantes escondidos,
aqueles que juraram amar no escuro
porque no claro não podem.
A lua ilumina o beijo apressado
de quem mente em casa, mas jura verdade nos lençóis alheios.
Ela não julga.
Só observa.
Ali, no beco, um suspiro...
um bom homem entrega pão a quem tem fome.
Mais à frente o brilho da faca
reluz na mesma luz, quando um bandido tenta roubar um pedaço de vida.
Tudo é revelado e ao mesmo tempo, tudo permanece em segredo.
A lua é cúmplice silenciosa.
Reflete nos olhos marejados dos que esperam e nos dos que já desistiram.
Ela é farol para os perdidos e espelho para os que já não sabem quem são.
Ela brilha igual para o santo e o pecador,
sem preferência, sem piedade.
E nessa noite fria, em que a alma quer colo, é ela quem abraça, sem braços,
sem promessas, mas com uma luz que acende até o que o coração tenta esconder.


Por: Freddie Seixas,o homem apaixonado pela lua.