Vi nela um quê de poesia,
daquelas que a gente lê e suspira,
mas não entende direito o porquê —
só sente, e admira.
Trocamos poucas palavras,
mas bastou para o encanto acender.
Ela, tão serena e alheia,
e eu, sem saber o que dizer.
Não foi amor, nem começo de nada,
só um desejo calado e gentil.
Um pensamento bonito, passageiro,
que surgiu e seguiu seu perfil.
Eu gosto do amor nos poemas,
nas canções e no toque alheio.
Mas quando olho pra mim, sorrio triste:
parece que o amor é sempre um devaneio.
Ele chega nas páginas que leio,
nos filmes, nos outros, no ar...
Mas quando tento vivê-lo, de fato,
é como tentar o vento segurar.