Melancolia...
Entre Espinhos e Estrelas.
Te procurei como quem busca
um gole de água no fim do deserto —
urgente, febril, inevitável.
A noite, cúmplice cansada,
relutava em apagar-se
só pra me ver te esperar.
Meu ontem...
foi apenas um ontem.
Nem tragédia, nem festa.
Foi o silêncio entre dois trovões.
E mesmo assim, eu lia —
não páginas, mas olhos que sonham
quando a alma teima em não dormir.
As sombras brincavam nas paredes,
criando figuras que não pedi.
Não é passatempo, é tormenta,
essa ausência de versos
quando teu nome não rima com nada
senão com saudade.
Te sonho.
E choro como quem pisa o chão
cheio de cacos e não desvia.
Não há flor para esse espinho —
mas ainda assim,
meu coração quer abraçar.
Num dia qualquer —
com ou sem celebração,
com vento a favor ou vendaval —
sou flor no campo, se tu me regas,
ou cacto seco, se me negas.
Não é vingança, é defesa:
meu amor tem espinhos.
Poeta sou,
feito celeiro de sentimentos,
plantando imagens onde cabe dor,
colhendo versos com perfume de flor.
Quem já sangrou no espinheiro da alma
entende que até o silêncio é semente.
Te busquei pra dividir o invisível:
meu tudo e meu quase nada.
Como a lua que arde fria,
como o sol que se perde
nos próprios passos.
Entender o poeta é sentir ao avesso.
É saber que negar a água a alguém
é pior do que ser ferido por espinhos —
porque os espinhos ao menos…
tentam proteger.
12 maio 2025 (13:12)