50 Anos de Esperança, 23 de Realidade\"
Eu lutei, eu acreditei,
Quando a guerra parecia sem fim,
A independência, um sonho aceso,
Liberdade, um grito profundo em mim.
Fui soldado de um país em chamas,
Onde a dor não se apagava,
Mas a paz chegou, silenciosa,
E o que se esperava... era mudança.
Cinco décadas de esperança,
Com a paz que veio sorrateira,
Mas onde está a verdadeira mudança?
O que veio foi a espera, a vida inteira.
O petróleo brilha nas mãos erradas,
Enquanto a terra continua seca,
Aqui no Bié, a luta não é nova,
É a mesma, só que disfarçada de seca.
Meus filhos, que nasceram na calma,
Veem o futuro com os olhos tristes,
Perguntam onde está o que prometeram,
Mas as promessas se perdem nas ruas vazias.
A paz que veio com o fim das armas,
Não trouxe comida, não trouxe vida,
O que nos resta é apenas a luta,
E a esperança, lentamente, enfraquece.
Eu, que vi a guerra e vi o fim,
Não sei mais se sei o que é ganhar,
A Angola que imaginei um dia,
Ainda vive em meu coração a sonhar.
Quando a riqueza vai chegar para o povo?
Quando a fome vai se calar?
Aqui estamos, 23 anos de paz,
Mas a miséria não soube descansar.