Jessé Ojuara

A CERCA

 

Pássaro livre voa.
Canta e nos encanta.
Com sua beleza natural.
Preso, canta seu lamento.
Se abrir a gaiola ele voa.

Homem livre sonha.
A cerca de tudo e canta.
Preso ele pensa.
Há cerca em tudo e chora.
Sua prisão não é física.
Nem pensa em fugir.

Derrubados muros e cercas.
Ele finge não ver.
Seu algoz é o seu medo.
Cercas há na ilusão..
Correntes de ouro..
Escravidão moderna.

Alguns homens resistem.
Se aproximam do sol.
Fogem da submissão.
Regressam e lutam.
Querem libertar companheiros.
Que alienados, os agridem.
As sombras venceram.

Homem livre em extinção.
Acorrentado por ele mesmo.
Teme sua plenitude.
A luz o encandeia.
Sombras acalmam.
O espírito fugiu do corpo.

Prostrados nas ilusões.
Vêem o ocaso de sua vontade.
Lentamente esvanecer.
Como a luz de um farol.
Em noite de tempestade.
A vaga profunda.
Aprofunda a sua dor.

Cantam seu lamento em dó.
Prisioneiro de si mesmo.
Náufrago do seu medo
Refém da ilusão.
E choram só.
Só choram.
Sem a luz.
Do sol.
Só.
E.