Dizem que é só mais um domingo...
Mais uma data marcada no papel,
Como se o coração também seguisse calendário.
Mas quem já sentiu o calor de um colo materno
Sabe que amor de mãe não tem data certa —
É presença que atravessa os dias.
Para muitos, é dia de flores, risos e almoços em família.
Para mim, é só mais uma manhã cinza,
Pesada como o silêncio do quarto vazio.
O tempo passa, mas não me convence,
Porque sua ausência ainda grita aqui dentro.
E cada lembrança sua vem como um sussurro
Que machuca mais do que consola.
Não foi só mais um dia qualquer.
Foi o lembrete cruel de que você se foi.
De que não tem abraço, nem voz,
Nem aquele olhar que me desmontava e refazia.
O relógio anda, o mundo segue,
Mas aqui dentro, tudo parou.
Revejo fotos como se pudesse tocá-las,
Como se pudesse arrancar você do papel.
Mas só o vazio me responde,
E a saudade me esmaga com força
Em cada detalhe que você deixou —
Na sua risada ecoando em algum canto da memória,
No jeito que dizia meu nome.
Hoje, o céu tem o brilho que você levava no olhar.
E eu sigo aqui, caminhando devagar,
Esperando que um dia o tempo me leve até você.
Não sei onde, nem quando,
Mas acredito que há um lugar onde o amor reencontra o amor.
E lá, talvez, eu volte a sorrir de verdade.