Na orla calma da manhã que desperta,
quando a luz toca os dedos do dia,
escrevemos juntos, em tinta de tempo,
os contornos suaves do encontro —
palavra a palavra, silêncio a silêncio,
como quem tece um manto de esperanças tênues.
Cuidar é lançar sementes invisíveis
no solo fértil do cotidiano,
acolher a dúvida, o tropeço, a pausa,
como quem lê, no olhar do outro,
um mapa antigo e cheio de segredos.
Construímos nossos capítulos
com gestos simples e profundos:
um olhar que demora,
uma escuta que não pressiona,
um sorriso guardado para a noite.
Compromisso é margem aberta,
onde a liberdade dança leve,
sabendo-se vista e reconhecida,
e o amor, a coragem de reescrever
as promessas sussurradas,
até que a voz se torne firme e clara.
Somos, juntos,
um livro em constante revisão,
e a cada página virada,
renascemos fragilmente inteiros —
na beleza de um silêncio que fala,
na poesia do inacabado.