Ivam Melo

Lucros sem Trabalho

A engenharia senta confiante 
Nas poltronas alcoxoadas dos escritórios
Impassível, observa a tela do prego eletrônico 
Está certa que irá vencer a disputa 
São contratos de aluguel 
Que enriquecem uma pequena parte
A população que sustenta toda a máquina 
Quase todos
Desconhecem os caminhos obscuros do negócio 
O menor preço sempre usa maquiagem 
Que depois mostra a verdadeira cara
O aluguel está nas plaquinhas de metal
Afixadas no hardware,
Nas máquinas que transitam pelas ruas
Onde se pode ler: alocado
E nas mangas das blusas dos trabalhadores 
Dos serviços públicos 
Está escrito engenharia fulana de tal
O dinheiro dos cupons dos cereais
Que alimenta até o mendigo
Da roupa barata 
Que as mais das vezes veste o pobre,
Do cimento,  do ferro, da pedra, da areia
Que constroem as casas à flor da pele 
Que nem os donos que moram nelas,
Sustenta a engrenagem, o negócio 
Os lucros sem o esforço do trabalho.