E se ela não sumiu,
só demorou o que eu demorei?
Se o silêncio foi só espelho
da ausência que eu também deixei?
Penso nisso…
e me perco nessas frestas
entre o que foi
e o que talvez fosse.
Talvez não tenha sido ilusão,
só desencontro de tempo,
orgulho velado,
ou um medo disfarçado de desinteresse.
Nem tudo precisa nascer de sentimentos —
às vezes é só a vida,
o tempo que escapa,
os afazeres que nos consomem
sem pedir licença.
Mas quem vive de talvez
anda sempre em círculos —
e eu tenho andado tanto…
Me perdoo por sentir,
me perdoo por esperar,
e, sobretudo,
por ainda me perder
nas possibilidades.
No fim, parece que só procuro
motivos para desistir,
quando talvez tudo que existe
seja apenas o silêncio…
e o tempo.