Melancolia...

Antes de Dizer Adeus — Parte Final.

Depois que você se foi,
fiquei com as mãos cheias de silêncio.
Falei tanto em te entregar tudo…
mas a verdade é que sobrou mais do que eu esperava.
Sobrou um monte de coisa sem lugar:
palavras que não disse,
abraços que não couberam,
planos que ficaram esperando resposta.

 

Eu devia ter te segurado por mais um instante.
Devia ter chorado ali mesmo,
sem vergonha, sem medo,
só pra te mostrar que doía.
Mas me contive —
como quem acredita que, se for forte, talvez não doa tanto.
Não funcionou.

 

Antes de dizer adeus,
eu pensei que estava te dando tudo.
Mas agora vejo que tudo ficou comigo.
Ficou teu cheiro na roupa,
teu riso na lembrança,
teus olhos nos meus sonhos.

 

E mesmo que eu tente seguir,
tem partes tuas espalhadas por onde eu passo.
No café amargo que você sempre adoçava,
na música que você cantava baixinho,
na cama que parece grande demais agora.

 

É estranho viver esse depois.
Parece que o mundo continua,
mas eu fiquei numa parte que não avança.
Como se tivesse parado bem ali,
na hora exata em que você virou as costas.

 

Ainda tento entender onde foi que a gente se perdeu.
Talvez não tenha sido culpa de ninguém.
Ou talvez tenha sido culpa nossa,
por amar mais no silêncio do que na fala.

 

Só queria que você soubesse —
mesmo depois, mesmo agora,
mesmo sem volta —
que eu ainda carrego esse amor.
Não como algo bonito e leve.
Mas como quem carrega um quadro quebrado
de uma lembrança que ainda vale a pena.

 

Se um dia você se lembrar de mim,
espero que seja com um pouco de ternura.
E que pense, mesmo que rápido:
\"Ali teve amor.
Talvez bagunçado.
Mas amor, de verdade.\"

9 maio 2025 (13:13)