Diário Agridoce
Lendo daqui de cima
De onde eu quis escrever
Mesmo entre linhas
Do livro que não dá pra ler
Aqueles tom de vozes
Que imagino em choro
O seu dom de sorte
Que guardo no peito
Ao ouvir seu coro
Vejo olhos de botões, e guardo no seu casaco
Pois aqui entre as linhas, você tem me costurado
Fecho os olhos marrões, e acordo ao seu lado
Pois aqui entre as vinhas, você tem me agricultado
Lembro daí de cima
E de quando quis descer
Mesmo dentre as minhas
Seu é tudo, que não quero ser
Aqueles sons de vozes
Que lembro em choro
O meu show de morte
Que guardo no leito
Ao lembrar seu corpo
E das vezes que eu matei, enquanto não vivia
(Então por que na hora?)
Mas em troco do amor, ódio eu jamais devia
(Então por que agora?)
Mesmo que já tivesse batido o ponto
Mesmo que não estivesse pronto
Sabia do arrependimento do que fosse em vão
Sabia da culpa que afastaria de estar são
Da lúcidez que não estava
Da acidez que acumulava
E azedou o que agora nos afasta
E fiquei cego por causa:
Dos olhos de botões, que guardei no seu casaco
Pois aqui entre as linhas, você tem me costurado
Fecho os olhos marrões, e acordo ao seu lado
Pois aqui entre as vinhas, você tem me agricultado
Todos os detalhes
Doem mais que tudo
Todas as flores mortas
Cantam pelas mudas em luto
Todas as lembranças
Ressuscitam o moribundo
Toda a terra capinada
Me enterra com o peso do mundo