Ela voltou.
sem anúncio, sem cerimônia -
feito fumaça que entra pelas frestas
e eu, ainda cansada da última visita,
já sinto as pernas cederem no vazio do dia.
Me consome como incêndio se alastrando pela floresta,
que queima por dentro e gela por fora.
o foco escapa, a atenção falha,
as palavras viram ecos infinitos.
Estou e não estou, respondo mas não sinto,
olho mas não enxergo.
tudo é cansaço,
preciso ser gentil, mas mal me reconheço…
Preciso ceder,
mas com cuidado -
como quem segura um copo trincado,
um papel rasgado em meio a ventania
preciso paciência, mas estou sempre em fuga.
preciso misericórdia, mas nem sei se mereço.
E no meio disso tudo,
quem sou eu agora,
além do que resiste por hábito?
e se tudo isso for só o eco
de alguém que já não sabe voltar?