Ver você cruzar a sala
é assistir ao desejo se fazer gesto,
não mais como uma faísca breve,
mas o sim o calor que constrói nosso ninho.
Cada noite — repouso.
Cada manhã — abrigo em você.
Tocar sua pele
é sempre o começo de um caminho novo.
Mesmo conhecendo cada curva,
me perco como quem volta ao lar
e ainda se surpreende com o chão.
Amar você com o corpo
é ouvir o que não sei dizer.
É silêncio que grita verdades,
é se deitar num mapa sem fim —
onde cada toque é travessia
e cada pausa, um lar.
Você sabe ser brisa
quando minha alma pede leveza,
e sabe ser vento forte
quando preciso me desfazer.
Seu abraço é queda e salvação —
e eu sempre me encontro ali.
Te amo sem cercas,
com a inteireza de quem chegou.
Te olho com a clareza de quem vê,
te sinto com a calma
de quem já não precisa fugir.
Na sua pele, reencontro partes de mim
que o tempo tentou levar.
Ali, repousa minha paz,
sem alarde,
sem promessa.
Mesmo no silêncio mais longo,
você me chama.
Não grita — apenas está.
E é no seu estar
que meu amor se reconhece:
não como minha posse,
mas como meu lar.