Sezar Kosta

ONDE NA PELE MORA O DESEJO

Ver você cruzar a sala

é assistir ao desejo se fazer gesto,

não mais como uma faísca breve,

mas o sim o calor que constrói nosso ninho.

Cada noite — repouso.

Cada manhã — abrigo em você.

 

Tocar sua pele

é sempre o começo de um caminho novo.

Mesmo conhecendo cada curva,

me perco como quem volta ao lar

e ainda se surpreende com o chão.

 

Amar você com o corpo

é ouvir o que não sei dizer.

É silêncio que grita verdades,

é se deitar num mapa sem fim —

onde cada toque é travessia

e cada pausa, um lar.

 

Você sabe ser brisa

quando minha alma pede leveza,

e sabe ser vento forte

quando preciso me desfazer.

Seu abraço é queda e salvação —

e eu sempre me encontro ali.

 

Te amo sem cercas,

com a inteireza de quem chegou.

Te olho com a clareza de quem vê,

te sinto com a calma

de quem já não precisa fugir.

 

Na sua pele, reencontro partes de mim

que o tempo tentou levar.

Ali, repousa minha paz,

sem alarde,

sem promessa.

 

Mesmo no silêncio mais longo,

você me chama.

Não grita — apenas está.

E é no seu estar

que meu amor se reconhece:

não como minha posse,

mas como meu lar.