Freddie Seixas

Liturgia do pecado

Ela chegou com o cheiro do erro,

mas com a pureza nos olhos de quem sabe o que quer.

Deitou-se em mim como quem pousa numa promessa,

e eu fui altar, cruz e oferenda.

Sua pele gritava por pecado,

e minha língua em seu corpo corria como faca afiada,

rasgando certezas, lambendo desejos,

fazendo daquele quarto uma guerra sagrada.

Me montou como quem doma um lobo,

com a sede de quem nunca teve

e a entrega de quem se reconhece

no toque bruto, no beijo molhado,

na língua que escreve histórias nas coxas.

Ela gemeu meu nome como quem reza,

com fé, com pressa, com fome.

E eu? Eu a devorei com devoção,

com as mãos firmes e o coração em chamas.

Foi dança suja e divina,

cavalgar da alma, explosão dos corpos, gozo de felicidade.

E depois, no banho, te vi serena,

como se o céu tivesse perdoado o inferno que criamos juntos.

Quero mais.

Quero teu cheiro, tua insanidade doce,

teu riso pós-gozo, tua fala mansa.

Quero o proibido, porque nele você é minha.

E eu sou teu, sem regras, sem freios, sem volta,

Só eu e minha feiticeira, sem pudor.

 

Por: Freddie Seixas