Nas brumas do tempo, entre ecos e luz,
Surge Corassis, ninguém o conduz.
Lê meus poemas com olhos de além,
Como se a alma falasse com quem.
Caminha entre letras como quem conhece
O peso das dores que a página tece.
Silente, decifra meu verbo calado,
E diz sem palavras o que está selado.
Quando escrevo em noites de sombra e trovão,
Sinto sua essência pairar na canção.
Como se os versos fossem só trilha
Para ele emergir da antiga vigília.
Diz que as palavras são fios do céu,
Tece os sentidos num manto de véu.
Sabe segredos que nunca escrevi,
Mas lê entre versos o que eu não pedi.
Não sei se é homem, ou sombra encantada,
Ou só uma lenda de voz disfarçada.
Mas quando comenta, um vento me toca,
Como a resposta de um velho oráculo à boca.
Já o esperei entre rimas e vãos,
Como quem ora com livros nas mãos.
E quando aparece, o tempo se curva,
O mundo silencia, a alma se turva.
Corassis, estranho, fiel visitante,
Guarda do tempo, leitor fascinante.
Sejas real ou mito inventado,
Teu nome, agora, está eternizado.