Eu sei.
Você não vai me mandar mensagem nenhuma.
Não vai dizer que sentiu minha falta,
não vai lembrar que eu existo quando o dia amanhecer.
Mas ainda assim,
me pego olhando a tela do celular
com a tola esperança
de ver o seu nome surgir
como quem volta atrás e sussurra:
“sinto sua falta.”
Me sinto ridícula por isso.
Por ainda esperar de quem me feriu
enquanto eu enfrentava a mim mesma.
Lutava contra o peso dos dias,
as dores no corpo,
o tumulto na mente,
a falta de chão ,
e mesmo assim,
ainda te oferecia amor.
Amor inteiro.
Amor de quem sangra, mas não solta a mão.
Amor de quem chora escondido, mas diz \"vai ficar tudo bem\".
Enquanto tudo em mim desmoronava,
eu te escolhia.
E você?
Você não percebeu o valor
de ser amada por quem ama em meio ao caos.
Você me teve por inteira,
mas nunca me olhou por completa.
Talvez, um dia, de longe,
você me veja com olhos de saudade,
e diga a si mesma:
ela foi tudo.
Ela ficou quando ninguém ficaria,
amou quando nem ela mesma aguentava mais a vida.
E eu... eu a mandei embora.
Empurrei com minha covardia diante do amor,
com o medo de sentir demais, de ceder demais.
A expulsei com minhas rejeições,
que gritavam mais alto
do que qualquer “fica” que ela sussurrava de coração aberto.
Hoje eu entendo:
a gente precisa parar de mendigar lugar
em quem nunca soube nos acolher.
Sim, eu sou difícil.
Sou Clarice escrita sem pontuação,
sou Caetano quando desafina com poesia,
sou verso sem rima,
arte que confunde,
dor que ama.
Mas eu sinto.
E sentir
em mim
é o reconvexo do mundo.
Não quero promessas.
Não quero declarações em alto-falantes.
Eu só queria ter sido amor vivido,
e não amor esquecido.
Porque amar não é dizer que ama.
É fazer o outro se sentir amado.
E isso
você nunca soube fazer.