Mas há ainda,
um sussurro tênue,
uma brisa entre as ruínas,
que dança por entre as cinzas
como quem recorda o vento.
Há ainda,
um pulsar pequeno,
frágil, fatigado,
mas que insiste,
sem saber por que ou quando.
A escuridão, tão densa,
às vezes abre brechas.
E um raio, tímido,
não para salvar,
mas para lembrar que houve céu.
E se houver céu,
mesmo que ausente,
mesmo que ausente para sempre,
não é já razão o bastante
para um último passo?
Talvez não cure,
nem salve,
nem retorne.
Mas talvez transforme
o silêncio em som,
o peso em dança.
E assim caminho.
Não por fé,
nem por promessa,
mas pelo eco leve
de algo que, um dia,
pareceu vida.