Metamorfose

Beira d’água

Enfim, criei coragem para mandar,

depois de horas olhando pela beira da água.

Criei coragem para molhar os pés.

Existente, claro,

temendo o próximo passo incerto —

sem saber se tropeçaria ou seguiria.

 

Enfim,

foi uma coisa leve de ser:

uma conversa normal,

simples, objetiva,

uma troca que se estendeu até o hoje

e assim foi encerrada.

 

Talvez eu deva sair

antes que eu própria me afunde

com a água ainda no raso.

Talvez eu nem deveria ter entrado.