Viviane.93

Deserto

Não sinto nada.
Nem um mísero sopro,
um arrepio,
uma faísca,
Nada!

Orei a Deus, olhei pro céu —
Existe alguém no azul?
Tem alguém aí?
Alôôô?
(E o eco responde:
só o vazio me escuta...)

Caminhante solitária
num grão de poeira flutuante,
rodopio no escuro do cosmo
sem mapa, sem chão,
sem voz.

Silêncio pesa mais que pedra.
Vaga a alma
como sombra sem corpo.

E no fim
talvez 
exista algo no nada.
Uma semente adormecida.
Um Deus cansado.
Ou só eu...
me escutando.