meu coração se esfriou
quando percebi
que novamente
ele sangrara por você
ferido
ao avesso
morte
o jardim da minha alma choveu
e em cada gota de chuva
haviam poesias desenhadas por mim
que você nunca lerá.
o abraço que abraça,
o beijo que beija,
paz que aquece
pera, paz?
o que foi a paz?
as noites que minhas lágrimas serviram de travesseiro?
meu coração ser revirado em carne viva?
dos seus surtos que me feriam?
mentalmente e fisicamente
amor?
amor foi te encontrar em cada esquina do labirinto do meu coração?
amor foi te esperar até que o café esfriasse,
enquanto você se aquecia em outra pessoa?
amor foi nao desistir?
por onde anda você?
se abrigou em outro corpo,
como sempre fez?
para roer outro coração?
para queimar mais músicas de amor?
para embaralhar o significado de amar de outras pessoas?
você vai voltar?
queria agarrar você em meus braços
em minha alma
Pois minha alma
Se amarrou na sua
(Só nao sabia que da mesma forma que se amarrou, se enforcou)
deixou de ser brilhante
para ser oca
como uma casca.
quando você beijou ela
você me apagou?
quando revirou o tecido das roupas dela
sua memória não falou?
quando você a machucou (se teve coragem)
as lágrimas dela eram amargas como meu coração se tornou depois de te conhecer?
você sussurra as palavras que sussurrava pra mim?
você beija o rosto salgado de lágrimas dela
como fez comigo?
você gagueja quando fica nervoso com ela?
como fazia comigo?
preciso correr
me inventar
me quebrar
morrer
renascer
desvirar minhas entranhas
tirar você da minha carne.
da minha alma.
da minha vista.
do buraco que você ocupa meu coração,
o deixando ferido.
para te deixar ir.
para te ver dançando na cabeça de outras mulheres
te ver sorrindo
te ver morrendo.
que um dia essas poesias se queimem
como as músicas de amor se queimaram,
no momento que vi seus olhos deixando de brilhar nos meus.
será que o brilho nos olhos dela
são mais reluzentes
que os meus
quando tu jurava
me amar?
ela conhece a linha do seu corpo como eu desenhei
com meus dedos?
o coração dela é queimado
como o meu foi carbonizado?
quando você me virou do avesso
pra revirar minhas emoções
e me deixar descosturada
revirada
e confusa?
ela segura suas lágrimas de bebê
quando você chora
quando seu coração chora
e ela sabe porque seu coração chora?
ela sabe como eu soube?
quando você se revirou comigo,
mostrando as feridas mais inflamadas do seu ser?
ela conhece seus traumas a dedo
como eu conheço?
ela sabe dos seus surtos de raiva?
ela plantou um jardim na sua alma?
como eu nunca pude plantar,
pois você queimou minhas sementes
e meu coração.
mãos e corpos dançam comigo
me levam pra uma valsa
mas eu só fico te observando
no canto da sala
beijando o rosto dela
como beijou o meu
quando minha dor foi exposta pra você
beijo salgado
misturado com lágrimas e saudade
eu ainda lembro do seu toque
enquanto chorava
quando foi tarde demais
meu alfabeto foi você
minha maior saudade
rastro no vazio da minha mente
seu amor é vazio
sempre foi
mas foi nesse vazio
que eu me aconcheguei
só pra estar com você
posso me encantar
beijar
apaixonar
mas no fim do dia meu amor,
eu vejo você novamente
sorrindo
gaguejando (como você fazia)
no fundo da minha mente
ela te conhece como eu conheci?
ela sabe que você gagueja quando fica nervoso?
ela sabe que você vira o rosto e sorri quando fala algo bobo?
ela conhece o motivo das suas lágrimas?
ela sabe da sua família?
ela sabe lidar com seus surtos?
ela sabe o pq vc mostra o dedo do meio pro seu irmãozinho?
ela sabe que sua mãe é vaidosa?
ela sabe que você nunca provou sushi?
ela sabe que você ama parmegiana?
o brilho mais reluzente que eu me lembro
de ter visto
foi o dos meus olhos
quando uma gota de esperança me anestesiou
no dia que pensei que finalmente
daríamos certo
“o depois chegou”
achei que esse seria nosso “depois”
que Marisa Monte tanto falou
mas acabamos do mesmo jeito
se xingando
se odiando
se bloqueando
você mergulhando em corpos novos
e eu escrevendo linhas de palavras
carregadas de uma dor incessante no peito
da perda.