No outro lado da rua
Uma tapa me espera
Um grito me assusta
A pedra atirada machuca
A faca penetra entre as costelas
E um tiro quase que me pega
No outro lado da rua
As calçadas são desérticas de anjos
Amores se vendem nas mercearias
Vampiros tocaiam nas esquinas
O céu é mais escuro do que um quarto apagado
E todas as fadas madrinhas já foram enterradas
No outro lado da rua
Meu menino é proibido de ir
E se um dia eu for para o lado de lá
Ele vai ficar no lado de cá
Em sua infância de classe média deslumbrada
No interior de um Recife que não existe mais