Stefe

eu sou da noite

minha alma pertence a uma janela onde faço pedidos a estrelas cadentes.

 

o cigarro habita em meus dedos,

o sorriso é a única marca de meu rosto.

 

o vento torna-se pele no qual eu sinto presente,

sem poder tocar.

o frio é um abraço de boas-vindas,

onde o escuro me abriga com amor.

 

a lua é mãe solteira,

devota em seus filhos,

assim como eu sou dela.

 

o quintal é tão enorme,

mas não me perco nos espaços

nem me sinto só no Universo.

 

Saturno é meu padrinho companheiro,

co-regente Urano, de consagração,

no fuso horário ao qual eu nasci.

batizaram-me Felicidade – sobrenome Eterna – e deram-me o caminho incerto

para que eu possa viver intenso

todos os momentos da vida.

 

minha voz é instrumento.

minha canção é de agora.

inspiração é o ar que respiro para transpirar paixão pela vizinhança.

 

meus cachos são de uva,

da parreira abundante de minhas terras,

deleitando saciável o vinho

de minhas próprias veias.

 

meu coração – sim, o coração – é toda herança pós vida oferecida pelos céus

no qual o meu destino está escrito nas estrelas,

falecendo meu inferno.

 

meus pés tocam as casas.

minha mente é equilíbrio.

ouço atento a língua das galáxias:

 

que abram o leque

que entoem a canção

virá buscar-te, não há o que temer.

sente-se, minha criança, você é bem-vindo.

ao destino que possui

enxerguei o seu nome:

você é da noite.

 

afirmei-lhe,

então,

nunca tão convicto:

sim, eu sou da noite.

 

e caí,

na liberdade de minha escuridão.