Isis P. Told

Ecos poluentes

Estou calada,  
mais uma vez sem dizer nada.  
O eco da sua voz cobre a minha,  
um som que, há tanto, não reconheço.  

Eu concordo, eu cedo,  
mas por quê?  
Por que é tão fácil me perder  
na força vazia de palavras alheias,  
de gente cega, de mentes fechadas?  

Aceito demais,  
muito mais do que deveria.  
Mas minha voz, quando tenta surgir,  
é cortada pelo fio afiado da sua.  

Se falo, você me cala.  
Se insisto, você silencia.  
E eu, quieta, aprendo a morder a língua,  
até esquecer o gosto da minha verdade.