Há um grito preso em minha garganta,
feito eco que nunca encontra parede.
Não sei dizer o que me devasta,
e nem sei se quero que alguém entenda.
Dentro de mim, um labirinto sem mapa,
cujos muros são feitos de névoa e dor.
Tento explicar — mas as palavras fogem,
como sombras que não suportam a luz.
É um silêncio que grita sem som,
um vazio cheio de peso e forma.
Nem eu compreendo o que me consome,
só sei que me tornei estrangeira de mim.
Não peço que entendas o que sou,
porque nem eu consigo me traduzir.
Sou um enigma aos meus próprios olhos,
uma metamorfose que ninguém viu surgir.