A um passo do abismo
e os olhos já sem foco
procuram no céu um sinal
de que a vida vale a pena.
Há vozes que dizem “fique”
mas falam como quem nunca caiu.
conselhos vazios lançados a
um poço onde só o eco responde.
Há uma vertigem que ninguém
vê, um grito guardado entre os dentes.
Um peso que não se explica aos
vivos.
E os olhos aprenderam a
disfarcar, como quem pinta rosas
em um muro em ruínas.
O corpo carrega pesos antigos,
segredos trincando os ossos e
um eco que implora por um repouso
sem nome.
O chão treme, mas ainda não cede.
E talvez isso seja o pior – não cair, mas
continuar no quase.
No quase desistir, no quase não dizer
No quase viver, no quase rir, no quase chorar
No quase pedir ajuda, no quase...