Nelson Dias Neto

Borboleta Sem Asas

Escutei que certa larva
Nunca quis ser borboleta,
Mas sonhava feito parva,
Mergulhava na mutreta:

“Sem as vãs e feias asas,
Voltarei a ser lagarta.
Que vitória mais perfeita!”
Exclamava, satisfeita.

Quando, então, divinamente,
Borboleta, enfim, virou,
Arrancou, profanamente,
A beleza que odiou.

Fantasia verde e preta,
Conseguiu o que queria?
Dormiu cedo, na sarjeta,
Afogada em poesia.

Moral da história:
Quem sonha acordado, acorda dormindo.