caiolebal

InocĂȘncia Preservada

Quando eu era jovem

E meu conhecimento sobre o mundo

Era bem menor do que tenho agora

Peguei um pouco de minha inocência

Aquela parte de mim protegida

De todos os esforços do mundo real

Em me ferir e consumir

Coloquei numa mala e joguei ao mar

Da minha jornada nesta vida, esperançoso

Pela sua volta quando eu mais precisasse

 

Ao chegar numa idade avançada

Quando já aceitei ser um instrumento

Das demandas que me rodeiam

E ser apenas mais um a ter

A individualidade drenada

A mala com minha inocência

Voltou até mim

 

Abrí-la e tive um deslumbre

Da pessoa que eu era

Dos sonhos um dia sonhados por mim

Da minha antes intocável pureza

Minha integridade e tudo que me fazia ser

Eu

 

Ao final, fechei a mala

Joguei de volta ao mar

Porque apesar do meu desejo

De ficar com aquela sensação

Pra sempre, temi pelo fato

Do meu eu do futuro precisar dela

Então eu a guardei

Justamente para ele