Jonas Teixeira Nery

Não é tarde...

Tanto tempo a procura do sentido das coisas, da vida!
Entre desamparos, incertezas e abandonos, sigo em frente,
tateando cantos, acariciando palavras, buscando imagens.
Me alento entre serenos, caminhos, orvalhos e desânimos!

Penso nas solidões do mundo, nesses nadas de cada dia,
no meu fardo (esse envelhecimento avassalador), contínuo,
nesse hálito da morte, nesses gritos interiores, nesses dias.
Resigno-me! Compreendo todas essas facetas neste presente.

Não é tarde para pensar, levantar a máscara e seguir caminhando!
Pode ser pouco o tempo que me resta, mas me basta ainda assim!
Ainda que não entenda a lógica desses dias pulsantes, enfadonhos,
angustiantes, entre desertos, sem ilusões e ninguém para abraçar 

Observei as folhas caindo, bebi o ar, as nuances, essas ausências.
Tentei decifrar meus devaneios, meus medos, minhas ilusões,
mergulhando-me nessas esperanças renascidas entre enganos e temores.
Já não procuro os sonhos, nem olhar o mundo esperançosamente...

Renascer entre descrenças, entre arremedos, entre crianças e velhos...
É a vida com as bestialidades dos séculos, os engodos de sempre.
São as mentiras exibidas como verdades, as repetições dos dias estéreis.
Assim chegamos aos 60, 70 ou 80! Envelhecemos entre perguntas...

Há no caminhar tantos descaminhos, tantos turbilhões, incertezas, 
que me perco entre essas brumas e muitos desamparos impertinentes.
Me ponho a perguntar, perguntas que não se calam, angustiantes:
Por que tenho que viver assim a vida que me resta? Silencio acabrunhado...