vem,
sem promessas e sem receios,
me encontra onde a pele pede silêncio
e o arrepio implora.
não precisa dizer nada —
só deixa a língua falar
como quem desenha intenções
no contorno da minha vontade.
me toma com sede,
mas sem pressa,
como quem bebe um segredo
em goles longos e indecentes.
que tua boca me lave,
me lave de juízo,
me afogue no gosto de ser teu,
mesmo que por instantes
queimem mais do que horas.
teu olhar diz tudo
mas tua língua diz mais —
fala com a minha pele
num idioma que só a gente entende.
não passa correndo,
te quero parada,
cravada,
faz me sentir inteiro na ponta da tua língua.
molha minha pele
como se tua saliva fosse feitiço.
e é.
porque depois de ti
eu já não sei ser só.
só sou teu.
só agora e depois.
só assim, nós.
deixa tua língua andar por mim
como se soubesse o caminho —
e sabe.
sabe onde acendo,
sabe onde tremo,
sabe onde minto que aguento.
vem.
que eu sou corpo leve,
pronto pra teu banho sem censura.
e que seja lento.
e que seja sensível.
e que seja nosso.
28 abr 2025 (13:34)