Sentado ali, naquela poltrona gasta, com o tempo bordado nas mãos enrugadas, teu olhar, vô Emílio, ainda abraça o menino que fui nas tuas madrugadas.
Chinelo simples, camisa listrada, tuas histórias vinham como brisa encantada. Cada palavra tua, um mundo aberto, teu silêncio... Um carinho por perto.
Foram vinte e quatro anos de céu em terra, de lições suaves, sem precisar guerra. Teu relógio marcava não só as horas, mas cada instante em que o amor mora.
Lembro do teu jeito calmo e risonho, da sabedoria feita de sonhos. Do jeito que me chamava de filho, mesmo sendo neto, eu era o teu brilho.
Hoje, essa foto é relíquia sagrada, mas tua presença nunca foi passada. Vives em mim, em tudo o que faço, e no abraço que o tempo deixou no espaço.