No silêncio das sombras, onde o amor se esconde,
Eu sou a chama que se acende, mas não arde.
Em meus olhos, o reflexo de um desejo perdido,
E em meu peito, o eco de um grito mudo e sentido.
Tu és o sol que jamais tocará minha pele,
Brilhas tão distante, um farol que me cega,
A cada passo dado, te vejo se afastando,
Mas sou atraído como se um destino cego me chamasse.
Teus olhos são o porto onde meu navio não pode ancorar,
E ainda assim, eu navego em mares revoltos,
Tentando alcançar as tuas mãos que se afastam,
Como estrelas fugidias na vastidão da noite sem fim.
Eu, que sou o homem de mãos vazias,
A esperança perdida no olhar que se perde em ti,
E tu, a aurora que nunca serei capaz de tocar,
Vagas, etérea, livre, enquanto eu sou prisão.
Meu corpo é um jardim onde floresce a saudade,
Onde cada pétala se desprende ao vento que me negas,
E eu, com minha flor murcha, sigo esperando,
Por um afago que nunca virá, por um abraço que não existirá.
O teu sorriso, como um reflexo na água do lago,
Me cega, me afasta, e me afunda em águas profundas,
Onde não há chão, onde não há espaço,
Apenas o vazio que cresce à medida que o amor se distancia.
Ah, como o tempo te faz mais distante, mais intocável,
E eu sou a sombra que te segue, incansável,
Sabendo que jamais seremos mais que isso:
O sonho de um amor que nunca será vivido.