Isis P. Told

Dedos, pedras, inexistente

Quero partir essa pedra,  
quebrar o ciclo, rasgar o nó.  
Minhas mãos tremem, desarmadas,  
meus dedos inexistem, frágeis, tão só.  

O estômago retorce em agonia,  
um peso antigo, insuportável,  
eu corto minha própria língua,  
mas o silêncio é inquebrável.  

Não posso dizer, não posso findar.  
Isso me nutre, isso me corrói.  
Nem avançar, nem recuar.  
Fico suspenso entre o que fui e o que dói.  

E agora, o que fazer?  
Cortar a corda que me prende ao agora?  
Ou aprender, mesmo sem saber,  
a suportar essa ferida?  

Não consigo parar.  
Não consigo permanecer.  
Mas ainda respiro, será que basta  
para, um dia, renascer?