Lá no fundo do quintal da minha infância,
tinha um sabiá que me ensinou segredos.
Não falou com palavras,
mas com o bater da asa
e o silêncio entre dois cantos.
Disse ele:
“Garoto, felicidade não tem cadeado.
É como cheiro de bolo:
se espalha, sem pedir licença.”
Desde então, fiz das minhas dores
sementes.
E do meu coração,
um ninho.
Voar não é fugir.
É lembrar que a alma
foi feita pra ir.