Há um lugar que o tempo não alcança,
onde os relógios dormem
e o riso acorda com o sol.
Nesse reino sem nome,
feito de vozes pequenas e pés descalços,
a infância dança com o vento,
desenhando segredos no ar.
As manhãs ali são feitas de ouro macio,
e as borboletas sabem os nomes das estrelas.
Um cata-vento gira no quintal,
apontando para o infinito,
onde os sonhos voam mais alto que aviões de papel.
As mãos moldam castelos de barro e céu,
e cada folha caída é um bilhete do universo,
escrito na língua dos que ainda acreditam.
Os adultos?
Eles perderam o mapa —
aquele feito de giz e travessuras,
deixado numa dobra do tempo.
Agora andam em linha reta,
sem perceber as curvas da imaginação.
Mas há quem guarde um traço desse mapa
na dobra de um sorriso,
ou nos olhos que ainda sabem brincar com a luz.
E quando o vento sopra mais forte,
ele traz consigo o som da infância:
uma canção sem palavras,
que sussurra o essencial —
aquilo que só se vê
com os olhos da alma leve.