Sou feito o mar que não se mede em ondas,
mas em silêncios que afogam.
Profunda como os segredos do abismo,
intensa como o sol que arde por dentro.
Sou serena, não por falta de fúria,
mas por ter feito as pazes com ela.
Fui rocha antes de ser mar,
aprendi a ceder pra não quebrar.
Cada onda que em mim se forma
é memória do que um dia quis afogar.
Não sou superfície, sou segredo,
sou correnteza que leva sem avisar.
Quem tenta me conter em raso
não sabe nadar onde há de se encontrar.
Meus olhos... Dois faróis em neblina.
Minha alma... Tempestade adormecida.
Mas quem mergulha com coragem,
descobre:
sou abrigo, sou dança, sou poesia.
F€itic€ira