Metamorfose

Não é carência, é ternura

Seria errado idealizar a vontade de ter um amor?

Mas… não é uma vontade constante.

Ela só surge quando lembro

que queria escrever cartas para alguém,

quando vejo flores,

quando imagino como seria lindo essa troca.

 

Não é carência — é ternura.

É o desejo quieto de cuidar de algo que floresça junto.

É o pensamento vagando leve,

numa dança entre o que sinto

e o que talvez um dia venha a ser.

 

Às vezes, é só vontade de partilhar o silêncio,

de dividir o mundo em dois cafés quentes

e bilhetes deixados na mesa.

 

Outras vezes, é só poesia

querendo um corpo pra habitar.

E tudo bem.

Porque amar, mesmo em pensamento,

também é um jeito bonito de existir.