Existem coisas que a vida nunca ensina,
mas que nascem no compasso do coração.
Como segurar a porta para quem vem atrás,
ou devolver o sorriso,
feito um raio de sol,
pra quem te entrega o troco na padaria.
Ternura não precisa de ensaio,
não veste traje de gala.
Ela é o avô que finge perder no dominó,
é o amigo que escreve sem porquê,
só pra saber se o mundo ainda cabe em você.
A gente fala tanto de amor, de paixão,
mas esquece que o amor é miúdo,
é o vizinho regando o corredor vazio,
a senhora que bate à porta com um pedaço de bolo,
porque sobrou — e dividir é tão doce quanto açúcar.
Há um universo inteiro
nos gestos que não ecoam alto.
Talvez a vida seja só isso:
um mosaico de mãos estendidas,
de olhares que aquecem,
de palavras que dançam baixinho
na melodia de quem ainda se importa.
E, quem sabe, o mundo seja menos chato
quando entendermos que a ternura
é um poema que não precisa ser escrito.
Ela vive.
Na simplicidade das pequenas coisas.