eu estive lá.
com os pés descalços,
com o coração ainda sujo de medo,
e a fé —
tão pequena,
que mal cabia entre meus dedos trêmulos.
as pedras pareciam saber.
guardavam o silêncio de quem viu tudo,
mas não puderam contar.
não havia perfume,
não havia corpo,
não havia fim.
apenas o vazio —
e, estranhamente,
ele não pesava.
porque nesse vazio havia algo novo.
uma ausência que acalmava.
um nada que me abraçava.
e eu entendi, sem que ninguém dissesse:
ele não estava ali
porque a vida
nunca coube em túmulos.
eu me ajoelhei.
não por tristeza,
mas porque algo em mim
também ressuscitou.
o sepulcro está vazio —
e agora,
eu também deixei pra trás
o que já não vive em mim.
18 abr 2025 (12:27)