Thelma Souza

Eu me escolho

Uma das ironias mais cruéis da vida
Foi amar alguém que escreve poesias de amor...
Para outro alguém.

Eu li cada verso como quem busca abrigo,
Esperei ser a inspiração,
Mas era apenas espectadora
De um sentimento que nunca me coube.

Se ao menos ela o amasse de verdade,
Talvez meu coração se acalmasse,
Por saber que ele encontrou
O que eu, em silêncio, tanto desejei dar.

Mas a verdade,
Aquela que a gente aprende a encarar de frente,
É que nem ela o ama como eu amei,
Nem ele enxergou o que existia em mim.

E chega.
Chega de esperar um olhar que nunca me procurou.
Chega de escrever histórias com quem só me usou como rodapé.

Hoje, eu me escolho.
Com todas as minhas cicatrizes,
Com toda a minha intensidade,
Com a fé que me ergue
E com o amor próprio que, enfim, floresceu.

Não serei mais saudade de quem nunca me viu.
Nem ponto final na história de ninguém.

Agora sou recomeço,
Sou caminho novo,
Sou a mão que me resgata todos os dias.

Que ele continue com suas poesias para quem quiser,
Eu já comecei a escrever as minhas...
E nelas, o amor mais bonito
É o que eu finalmente aprendi a ter:
Por mim.