Enquanto a água do café não ferve,
Vou pensando sobre a solidão,
e pela estradas dessa situação
o medo vem, silente e forte,
como aquela sombra escura que é pregada
sobre a morte.
Não aquela que apenas some,
mas a que leva a um lar vazio,
onde os amigos são espectros,
só a soma dos reflexos do que um dia já foi.
Eles riem, falam, gestos conhecidos,
mas são reflexos despedaçados,
projeções de quem partiu,
não mais humanos, não mais vivos.
Ahhhh.. A beleza mais pura deste mundo
é que as pessoas são reais
carne, voz, calor na fala,
riso que não é fantasia.
as pessoas são quem são,
e a vida é compartilhar, é estar.
Da vida que é trocar ideia,
é sentir a minha mão na tua,
é o agora que se cabe,
mas enquanto dura, dura
[durar].
Mas há os que tremem no escuro,
[seu obscuro]
os medrosos de alma pura
esses eu amo, porque sabem
que o medo também é ternura.
Já os covardes, esses fogem,
não da morte, mas da vida:
negam o abraço, a palavra,
e morrem antes da partida.
E se um dia a morte vier
e mostrar que o fim é certo,
que a grande lição do mundo
era apenas estar perto...
Que reste então o amor vivido,
o abraço que não foi negado,
o pior não é partir
é deixar o amor em vão.
Imagine partir e só então entender
que o verdadeiro sentido
estava simplesmente em conviver.