Deixa-me ser o seu porto sereno,
o descanso que não cobra chegada.
Sou o braço de mar onde você adormece,
longe das ondas que gritam.
Não digo nada, porque o amor não exige palavras.
Sou um vento que penteia seus cabelos,
sem mexer na calma que você constrói.
Deixa o tempo nos atravessar,
como um rio que não precisa de pressa.
Não há urgência em curar seus naufrágios,
nem em decifrar seus silêncios.
Sou apenas o calor do sol
que amanhece nos seus ombros,
quando o mundo veste o frio.
Mesmo invisível, sou o abrigo
que nunca lhe falta.
Amar é saber calar e ouvir
o que só o silêncio confessa.
E eu sou esse silêncio —
que abraça você sem som.