Antonio Luiz

Como ameixa amarela madura

nêsperas não se dão de véspera

se há gosto, então já é setembro

tempo de trepar, despelar e comer

 

os galhos vergam com tanto querer

cerram-se olhos por avidez da língua

abocando as pequenas dulcíssimas

 

o sumo banha o encontro dos lábios

há cor de cio sem culpa entre dentes

rumor de colheita, prazer que arde

 

o riso puro salta do ventre da tarde

o pecado não brota de flor de ternura

apenas pele, polpa, bicho e perfume

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 16/04/25 --