nêsperas não se dão de véspera
se há gosto, então já é setembro
tempo de trepar, despelar e comer
os galhos vergam com tanto querer
cerram-se olhos por avidez da língua
abocando as pequenas dulcíssimas
o sumo banha o encontro dos lábios
há cor de cio sem culpa entre dentes
rumor de colheita, prazer que arde
o riso puro salta do ventre da tarde
o pecado não brota de flor de ternura
apenas pele, polpa, bicho e perfume
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 16/04/25 --