individuo_doisum

Coveiro

Recentemente, virei coveiro

Não de ocupação, pois não ganho nada

E sim por omissão 

 

O que faço mais é enterrar mesmo

Contudo, esses tempos, desenterrei de algumas covas

Coisas que gostaria de nunca ter enterrado

Não porque sinto saudades, não!

Mas porque queria que nem pudesse eu enterrá-las

Pois nesse mundo elas nunca existiriam

 

A terra em minhas mãos é, porém 

Prova de que o meu querer é inútil 

Alguns dos cadáveres são meus, confesso

Outros não, só fui cúmplice 

Alguns em especial eu tenho nojo

Me ferve o sangue 

Me faz incrédulo 

Me faz adverso 

Entretanto, tudo que tenho agora é a maldita pá 

E lá vai mais terra!