Tem algo dentro de minha cabeça
Algo que não consigo identificar com precisão
Um intruso, um animal solto, um objeto estranho
Crepitando e serpenteando pela minha mente
Não consigo apontar
Sua forma, seu cheiro
Seu desejo, sua fome
Seu tamanho e sua força
A única coisa que eu conseguiria apontar
São suas pegadas
Estas pegadas não só denunciam
Sua presença, como também
Drenam toda a água
Dos lençóis freáticos
Da minha sanidade
Tento cobrir essas pegadas
Com cimento, feito de distrações
Para limpar sinais de sua vinda
E para conter perda de minha
Estabilidade mental
Porém, a entidade não só
Desmancha as obras com cimento
Com facilidade, como também
Passa a pisar mais forte
Deixando pegadas mais fundas
Resultando no furar do chão
Resultando em agudo vazamento
De minha calmaria
Tento conter o vazamento
Com pensamentos felizes
Mas minha preocupação é fixada
Na criatura, enquanto perco gradativamente
O controle
E a vida