Veio sem anunciar,
sem batida à porta,
sem bilhete sob o tapete.
Era só um silêncio novo —
um sussurro nos cantos
do assoalho da alma.
E eu, distraído de mim,
não percebi:
ele já morava ali.
O amor chegou
com os bolsos vazios,
como quem não quer nada.
E, na verdade, não queria.
Queria apenas ser.
E ser…
era tudo.
Era o vazio, enfim, preenchido —
não com festa,
nem com promessas,
mas com o peso leve
do que não se precisa dizer.
Esse inquilino estranho
trouxe-me um espelho.
E, ao me ver nele,
encontrei o que me faltava —
ou talvez,
o que nunca ousei procurar.