Se os gatos falassem,
Ai de nós, que os ouviríamos
A dizer o que já sabíamos,
Mas que não queríamos
Que nos recordassem.
Ó gatos, peço perdão
Em nome de mim e dos meus
Que, às vezes, julgando-nos Deus,
Somos mais rudes que os filisteus
E agimos sem ter noção.
Sim, gatos. É bem verdade
Que sois mais prudentes do que nós.
Bem o sabiam os faraós,
Que conferenciavam convosco a sós
Para projetar a humanidade.
Mas o Homem lá se tornou
Mais egoísta e ingrato
E, tão bruto e insensato,
Deixou o mundo neste aparato
Que nem ao próprio agradou.
Mas ainda eis de ver, ó gatos,
Que iremos dar um jeito
De reaver o vosso respeito
Ao entregar-vos um mundo refeito
E tereis orgulho dos nossos atos!