Valença Silral

Sobrevivente

 

Andei ontem por aquela rua

onde o vento aveludado soprava nosso rosto

Hoje, passei na mesma rua

e o vento já não sopra, se ouve apenas o som das folhas seca caindo.

Aquele abraço, por detrás das árvores, hoje se esconde.

 

O mesmo caminho que caminhávamos

está lá; mas tão logo, não estamos lá

sentados, deitados na grama, olhando o céu

que se veste de renda.

 

Este caminho mudou

tudo se desviou, na mesma intensidade que chegou.

Hoje, o céu está preto, numa sensação sombria,

e o mesmo caminho, aquele que andavámos de mãos dadas

está, vago de direção.

O vento, não se despede, ele desaparece, que machuca.

 

As sensações que restam, se ainda restam; riem chorando

continuo andando, atravessando essa nuvem negra

que insiste em cobrir o céu!

 

Estou seguindo, provida de tentativas, a puxar as cortinas do céu

ainda assim, tudo esta solto, insistente a cobrir o céu.

Hoje estou em cinzas,

restou cinzas, deste ser sobrevivido

vivido de uma noite ruivante, dolorida.

Valença Silral