Saí de uma paixão e tentei curar a dor da ressaca nos braços de outro alguém.
Para evitar a solidão, da inconstância me fiz refém.
A Paixão me fez reconhecer os prazeres de me sentir benquista e deveras desejada.
Descobri que seus gestos eram vazios e os sentimentos, repletos de nada.
Sem aviso prévio, a paixão se foi e acabei constatando que fui enganada.
Não me dei o tempo do luto e a dor me veio em parcelas.
A Ressaca tornou-se amor, enquanto me curava dessas e de outras mazelas.
Flexibilizei minha tolerância e busquei um aprendizado:
Afinal, de que adiantam tantos gestos, rasos, quando não há sentimento aprofundado?
Cada um tem sua forma de amar, e por vezes, menosprezei a minha.
Ao contrário da Paixão, descobri que de gestos a Ressaca era mesquinha.
O mundo girava e girava. Sentia uma profunda dor de cabeça.
Quaisquer sussurros — e até mesmo o silêncio — pareciam rugidos servidos à mesa.
Seja à mesa, ao telefone, na cama, ou onde for,
O líquido que se esvaia jamais deveria fazer parte do amor.
Há muito tempo, igualmente, deixou-se de sentir prazer,
Apesar de, prontamente, me viciar da sua bebida e, por fim, me embevecer.
O gosto só me parece tragável, pois a sobriedade se faz pior.
Uma vez que a satisfação em cada gole, hoje, vibra em ré menor.
Confesso, a embriaguez me distorce a sanidade,
Ainda mais se suponho que o gargalo onde bebo dessedenta “algum confrade”.
Em cima do balcão, existem tantas outras garrafas consumidas.
Agora, só me resta curar a solidão rejeitando sua bebida.
De fato, nada me foi comprovado, mas tudo o que restou foi um rótulo violado.
Desejo que, com o tempo, se transborde de uma só vez,
E que preencha com virtudes toda a sua escassez.